terça-feira, 7 de setembro de 2021

Residência artística - Rios urbanos, rios humanos



Fui selecionada para participar de uma residência artística oferecida pelo bloco Pena de Pavão de Krishna dentro do projeto Águas Gerais #5. A residência recebeu o nome de Rios urbanos, rios humanos e focou a região do Barreiro. Nas artes visuais, realizamos trabalhos de xilogravura orientados pelo professor Fernando Fonseca. Foi uma experiência muito enriquecedora para mim porque pude aprimorar a técnica e também porque pude refletir sobre questões importantes para minha região. Reproduzo abaixo o texto que escrevi sobre a residência e apresento os três trabalhos que elaborei. 

Segue aqui também o vídeo do Sarau que realizamos para mostrar os trabalhos produzidos.

https://youtu.be/C3Rhz4jyPgM 

E o link de um vídeo que eu e Cássio gravamos no dia em que fiz a impressão das xilos.

https://youtu.be/rgEboG3ncAg

Rios urbanos, rios humanos - Pena de Pavão de Krishna

Ateliês e processos formativos do Território Barreiro – 2021

O que há nos rios do Barreiro?

Essa pergunta me surgiu das reflexões iniciais sobre o Barreiro por ocasião da residência artística do Pena de Pavão de Krishna, mais precisamente na aula de abertura do programa. Nessa aula, para nos conectarmos com as questões que seriam desenvolvidas, ouvimos a palestra da Profª. Modesta sobre a história do Barreiro e ouvimos também o Rodrigo, do Instituto Macunaíma, falar sobre as necessidades atuais da região. Em meio às discussões, o Prof. Rafael, do núcleo de música, morador de Contagem, perguntou, referindo-se à canção baiana: “O que é que o Barreiro tem?”.

Essa pergunta me instigou. Para respondê-la, repeti uma fala da minha avó Altina, que sempre diz que o “Barreiro é uma roça grande”, para dizer que temos um quê de interior preservado bem no meio da capital do Estado. Para o bem ou para o mal, o Barreiro é uma “roça grande”. É um local cheio de tradições e histórias, que os próprios barreirenses desconhecem. É um local que merece mais atenção por partes das autoridades municipais em vários aspectos: econômicos, culturais, administrativos e ambientais.

A partir dessas reflexões iniciais e das conversas realizadas com o Prof. Fernando e com o colega Luiz em nossos encontros semanais, procurei nortear minha pesquisa estética pela pergunta que representa para mim a conjunção de rios urbanos e rios humanos: O que há nos rios do Barreiro?

Entre o que não há e o que deveria haver nos rios humanos/urbanos do Barreiro, cheguei à palavra “consciência”, que classifiquei em três tipos: consciência ambiental, consciência histórica e consciência cultural. A consciência pode ser compreendida como uma qualidade da mente, que abrange a subjetividade, autoconsciência, senciência e sapiência, que nos capacita a perceber a relação entre nós e o ambiente. 

A partir desses elementos, elaborei três xilogravuras:

1.       A primeira relacionada à necessidade de consciência ambiental e de defesa da preservação dos nossos cursos de água, fundamentais para a vida da cidade. O que há nos rios do Barreiro? No momento, muito lixo e descaso ambiental.

2.       Na segunda, busquei refletir sobre a cultura barreirense. O que há nos rios do Barreiro? Um Cristo que nos observa desde 1956, ainda aguardando que valorizemos nossas tradições.

3.       A terceira imagem nasceu do incômodo de não ver bem contada a história dos ancestrais africanos que viveram na região bem antes dos imigrantes europeus. O que há nos rios do Barreiro? A necessidade de conhecer a nossa história em todos os seus aspectos.

Considero que esta residência artística foi muito importante para minha formação. Foi uma oportunidade ímpar para pensar aspectos importantes da região onde nasci e que fazem parte da minha constituição. Espero que esse trabalho possa levar outras pessoas a refletirem sobre essas questões.

Quero agradecer ao Pena de Pavão de Krishna pela oportunidade, ao Prof. Fernando pelas orientações, e deixar um grande abraço a todos os envolvidos.

Cristina Souza







sábado, 12 de junho de 2021

Vista da Serra do Curral (2020)

 A vista que tenho da minha varanda é privilegiada! Consigo ver a Serra do Curral ao longe e é muito bonito. Essa é uma beleza que me acompanhou a vida inteira e que eu quis registrar neste trabalho que foi feito com tinta guache escolar em papel Kraft, a partir de um desenho livre do observação. Pintar com guache escolar foi um desafio que me fiz e que gostei muito de viver. 


Paisagem da Serra do Curral. Cristina Souza. 2020. Guache sobre Kraft. 28x40cm.

Essa paisagem está mudando rapidamente e os prédios estão tomando conta de tudo, infelizmente! Fica portanto o registro da minha memória do local e meu protesto pela destruição que a invasão imobiliária está causando.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Autorretrato em Aquarela (2020)

 


Ao longo da ano de 2020, dediquei-me um pouco a aprender a pintar com aquarela. Sou uma pessoa que gosta de estar no controle das situações e esta técnica sempre me pareceu muito desafiadora porque conta com certo 'descontrole' em seu processo. Então, tinha um pouco de medo e não me julgava capaz de obter bons resultados. Quando apareceu um curso de aquarela botânica que considerei bem feito no Instagram, me atrevi a experimentar. A escolha pela aquarela botânica satisfaz a minha convicção de que desenhar plantas é um caminho pra mim, mas, ironicamente, o melhor desenho não é de planta. (rsrs) Não tive até o dia de hoje muitas oportunidade de treinar, infelizmente. Estou bastante atarefada com estudos de Literatura. Entre os trabalhos que fiz em aquarela, este autorretrato me deixou satisfeita não por ser um primor na técnica, mas por me provar que eu tenho condições, se me dedicar, de fazer algo satisfatório, pelo menos para mim.